“Santificai o Senhor Jesus Cristo em vossos corações e estais sempre dispostos a dar razão da vossa esperança” (1Pd 3, 15).
Quaresma é antes de tudo, um grande “retiro espiritual”, e não tem fim em si mesma, mas como seta nos indica os caminhos rumo à Páscoa e Ressurreição do Senhor. Itinerário que nos ajuda na conversão, através da oração, jejum e caridade. Como bem nos lembra o Papa Francisco em sua mensagem para este tempo: “no recolhimento e na oração silenciosa, a esperança é-nos dada como inspiração e luz interior, que ilumina desafios e opções da nossa missão…”. O jejum, Francisco nos apresenta como “o caminho da pobreza e da privação” e a caridade, como “o impulso do coração que nos faz sair de nós mesmos, gerando o vínculo da partilha e da comunhão”.
Frente a este compromisso com a renovação da fé, esperança e caridade, abertos à “Fraternidade e diálogo: compromisso de amor”, como diz o tema da Campanha da Fraternidade Ecumênica 2021, é que somos chamados hoje pelo Senhor a iniciar o tempo quaresmal, momento propício para criar em nós as condições para renovar a passagem da morte para a vida. Lutando contra o pecado, ameaças à vida dos seres humanos e do meio ambiente, assim como tudo que traz divisão no seio de nossa Igreja Católica Apostólica Romana.
As cinzas deste dia nos indicam a frágil condição do ser humano diante do Senhor. E, ao mesmo tempo, o sinal concreto de quem se arrependeu e com o coração renovado retoma o caminho para um verdadeiro amadurecimento espiritual.
Para nos ajudar a bem viver este tempo quaresmal, a Igreja no Brasil, desde a década de 60, conta com Campanha da Fraternidade, que aborda temas atuais que precisam ser lidos à luz do Evangelho de Jesus Cristo, que nos remete ao compromisso com a vida de todos que se sentem ameaçados. Como escreve a Presidência da CNBB: “Como sabemos, a Campanha da Fraternidade é uma riqueza da Igreja no Brasil, nascida e amadurecida não sem dificuldades e mesmo sofrimentos. A cada Campanha, o aprendizado se fortalece e se mostra continuamente necessário. Assim acontece com cada tema escolhido e assim acontece quando as Campanhas, desde o ano 2000, são feitas em modo ecumênico”. A partir de então, a cada cinco anos a CF é ecumênica, ficando a elaboração do Texto-base da CFE, sob a responsabilidade do Conselho Nacional das Igrejas Cristãs do Brasil (CONIC), do qual a Igreja Católica faz parte.
Afirma a Presidência da CNBB em sua Carta, que a causa ecumênica se mantém importante. “Uma comunidade cristã que crê em Cristo e deseja com o ardor do Evangelho a salvação da humanidade não pode, de forma alguma, fechar-se ao apelo do Espírito que orienta todos os cristãos para a unidade plena e visível. O ecumenismo não é apenas uma questão interna das Comunidades Cristãs, mas diz respeito ao amor que Deus, em Cristo Jesus, destina ao conjunto da humanidade; e criar obstáculos a este amor é uma ofensa a Ele e ao Seu desígnio de reunir todos em Cristo” (S. João Paulo II, encíclica Ut unum sint, 99).
Como Igreja em comunhão com nosso Papa Francisco e a CNBB, a Diocese de Cametá, na pessoa de seu pastor Dom José Altevir da Silva, convida a todos os fiéis, religiosos (as), diáconos, padres para vivermos esta quaresma conscientes de que devemos dar razão para nossa esperança. E juntos apressemos o raiar de um novo céu e de uma nova terra. Rezemos pelo fim da pandemia. São José, rogai por nós!
Boa quaresma para todos (as).
Dom José Altevir da Silva, CSSp
Bispo Diocesano de Cametá